Conceitos básicos de manutenção do jardim

Este artigo explora os alguns dos conceitos de base que devem guiar o supervisor no jardim nas decisões práticas a tomar, para garantir a sustentabilidade, usufruto e longevidade do espaço verde, pós término de obra.
CONTROLO DE DOENÇAS E PRAGAS
O contacto dos elementos vivos com agentes patogénicos é inevitável, uma vez que o jardim se insere num ambiente natural, com a inerente exposição a estes fatores. Cabe ao cuidador do jardim garantir que as plantas têm o sistema imunitário vigoroso o suficiente para conseguirem lidar com o ataque de patógenos. Fatores de stress, como a escassez de água e nutrição, aumentam a vulnerabilidade das plantas a doenças e pragas, contribuindo para a progressão de estados fitossanitários graves. Quando os sinais de doença não são notados atempadamente, pode já ser tarde demais para aplicar tratamentos fitossanitários, podendo a consequência final ser a morte da planta. De modo a garantir um estado fitossanitário ótimo do jardim, é necessária a garantia da sua plena nutrição, bem como a constante inspeção visual dos elementos vivos.
Estima-se que 70% das principais doenças em plantas são causadas por fungos. Ao contrário das pragas, onde se consegue identificar visualmente o agente patogénico, a identificação visual de doenças causadas por fungos, vírus ou bactérias reflete-se nos sintomas verificados nas plantas após infeção. Alguns sintomas de doenças suscetíveis a plantas são:
– Perfuração de folhas e aparecimento de manchas necróticas, que levam à queda do tecido morto;
– Aparência desidratada da planta, mesmo quando o solo está húmido;
– Pústulas – formação de pequenas manchas de ferrugem;
– Morte progressiva das pontas dos ramos até à base;
– Escorrimento excessivo de seiva.
O plano de manutenção que a Diaplant elabora para os seus jardins refere as espécies que necessitam a aplicação periódica de produtos fitossanitários. Caso identifique sintomas de doenças em plantas, é necessário contactar a Diaplant para que seja feita uma análise, de modo a identificar o agente causador da doença, bem como o tratamento adequado para a mesma.
CONTROLO DE PLANTAS INVASORAS
A monda de ervas daninhas deve ser efetuada periodicamente, preferencialmente com o arranque manual das ervas. A proliferação de espécies infestantes é nociva para as plantas do jardim. Além do prejuízo estético, ervas daninhas competem por recursos essenciais, como água, nutrientes e luz solar, e o rápido e denso crescimento destas espécies limita o desenvolvimento das plantas do jardim. Algumas ervas daninhas servem como vetores para a progressão de pragas e doenças, pelo que a sua remoção periódica contribui para a garantia do bom estado fitossanitário do jardim.
O uso de herbicidas só é recomendado para grandes áreas, onde se torna inviável o arranque manual de ervas. Deve ser evitado ao máximo o uso de herbicidas no jardim, pelas consequências nefastas na biodiversidade local – contaminação de solos e águas subterrâneas e risco de morte nas plantas do jardim.
TUTORAGEM E PODA DE ÁRVORES E ARBUSTOS
A tutoragem das árvores é essencial para fixar as árvores no terreno até que o sistema radicular se implemente e sustenha a planta na totalidade. Uma deficiente tutoragem, ou retirada dos tutores antes do tempo necessário, pode provocar movimentações da planta, e a quebra de raízes pode mesmo levar à morte de exemplares. Posto isto, deve ser aguardado um período mínimo de 3 anos antes dos tutores serem retirados.
Em espécies sensíveis a queimaduras solares, o tronco é coberto com uma malha biodegradável. Este sistema permite evitar danos pelo stress do sol no tronco até que a planta se estabilize no terreno e tolere sol direto nos troncos. A malha deve ser aplicada antes dos meses de maior calor, e retirada no inverno, para evitar riscos de infeção por excesso de humidade no tronco. A malha deve ser aplicada nos primeiros 3 verões após instalação da árvore.
As árvores comercializadas pela Diaplant receberam durante a sua formação podas de formação anuais, garantindo que quando implementadas num jardim estas crescem harmoniosamente e sem riscos de segurança para os utilizadores do jardim. Desta forma, é desaconselhada a realização de podas drásticas – cortes superiores a 8 cm de diâmetro conferem um risco fitossanitário para a planta e fragilizam a estruturação dos ramos, podendo conferir um risco de segurança no futuro.
Posto isto, devem ser apenas aplicadas podas de limpeza e manutenção ligeiras, consistindo na retirada de partes indesejadas da planta como:
– Ramos secos e/ou doentes;
– Ramos partidos por consequência de ventos e tempestades;
– Ramos que se cruzem uns nos outros e que comprometam a estrutura da planta.
No caso de árvores comprometerem a visibilidade, passagem, ou invadirem o espaço de estruturas vizinhas, uma poda de formação mais drástica deve ser aplicada por um profissional de arboricultura.
REGA
É importante realçar que diferentes estratos arbóreos têm diferentes necessidades hídricas. A rega da relva e gramados é independente da rega de pequenos arbustos, que por sua vez é independente da rega de grandes árvores e arbustos.
Até ocorrer a plena instalação do material vegetal no jardim, é imprescindível a remoção da rega. Devem ser cumpridas os planos de rega programados pelo nosso técnico de rega, e é da responsabilidade do supervisor do jardim alterar os planos de rega conforme o período do ano, seguindo o estipulado no plano de manutenção.
Com o decorrer dos anos, as plantas vão desenvolver estruturas radiculares que lhes permitem captar os recursos hídricos necessários de forma a garantir a sua independência, pelo que a frequência de rega diminuirá até que não seja mais necessário fornecer rega. De um modo geral, após 5 anos de implantação, a rega pode iniciar-se o processo de redução e remoção de rega, porém aconselhamos fazer-nos uma consulta para inspecionarmos o estado do jardim e averiguarmos se o mesmo já tem maturidade suficiente para se autossustentar.
MANUTENÇÃO DO RELVADO
A periodicidade do corte do relvado é variável ao longo do ano, sendo descrita abaixo no plano de manutenção. A altura ideal da relva após o corte deve ser entre 5 e 7 cm. Evite cortar mais de um terço do comprimento da relva de cada vez, de modo a não comprometer a estética do espaço e minimizar o stress provocado o relvado.
A fertilização do relvado é importante para manter a cor verde vibrante e promover o crescimento saudável do relvado. Deve ser aplicado o fertilizante adequado conforme a periodicidade estipulada no plano de manutenção.
A manutenção do relvado deve contemplar o controlo periódico de ervas daninhas, uma vez que estas competem por recursos e comprometem a estética do espaço. Pode usar herbicidas seletivos, que têm a capacidade de selecionar grupos de plantas específicos a serem controlados, como ervas daninhas de folha larga ou gramíneas indesejadas. Alternativamente, pode remover manualmente as ervas daninhas, sendo esta a opção mais ecológica e recomendada pela Diaplant.
A escarificação do relvado é um procedimento essencial para garantir que oxigénio, água e nutrientes alcancem as raízes da relva. Através do uso de um escarificador manual ou mecânico, são perfurados pequenos orifícios no solo, ao passo que a relva morta é levantada e removida. Além de aumentar a oxigenação das camadas mais profundas do solo, este procedimento melhora a infiltração de água (reduzindo o risco de encharcamento), reduz a compactação dos solos (o que permite o aprofundamento das raízes), melhora a absorção de nutrientes (aumentando a eficácia da fertilização), e promove atividade microbiana, que auxilia na decomposição da matéria orgânica e potencia o ciclo de nutrientes.
A saúde do relvado é dependente do estado de limpeza do mesmo. Este deve permanecer livre de detritos, como folhas e ramos, para evitar o sufocamento da relva e o bloqueio da luz do sol. Na eventualidade da existência de áreas danificadas ou com falhar, deve ser reposto novo tapete de relva (alternativamente, deve ser semeada nova relva).
Cuidar de um jardim vai muito além de simples tarefas rotineiras – é um compromisso com a gestão de um ecossistema. A manutenção adequada garante que cada elemento do jardim – das árvores imponentes ao relvado mais delicado – prospere em harmonia com o ambiente.Cada detalhe conta para assegurar a saúde e a longevidade do espaço.